
A recente declaração de Ângela Bragança, dirigente do Bureau Político do MPLA, reacendeu o debate sobre a coerência política do partido no poder, depois de ter expressado “tristeza” pela falta de reação da UNITA ao anúncio das condecorações póstumas de Jonas Savimbi e Holden Roberto.
“(…) Fiquei triste por os meus colegas da UNITA não terem reagido ‘aplaudido’ ao anúncio da condecoração de Holden Roberto e Jonas Savimbi. Este momento devemos estar gratos…”, disse Ângela Bragança.
Contudo, a indignação da dirigente soa incoerente e politicamente imatura, tendo em conta que em fevereiro deste mesmo ano o grupo parlamentar do MPLA votou contra a proposta que previa o reconhecimento e a condecoração dessas mesmas figuras históricas nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional.
A reviravolta tornou-se ainda mais evidente durante o recente discurso à Nação do Presidente da República, João Lourenço, que anunciou a decisão de condecorar Jonas Savimbi e Holden Roberto “em reconhecimento pelo seu papel no Acordo de Alvor”, que em 1975 selou a transição de Angola para a independência.
A mudança de posição do MPLA, sem uma explicação clara sobre as razões da inversão, é vista por analistas políticos como um sinal de oportunismo político e falta de maturidade institucional, sobretudo num tema tão sensível e simbólico para a história do país.
Enquanto o Presidente tenta assumir um discurso de reconciliação nacional, o comportamento contraditório do partido levanta dúvidas sobre a sinceridade do gesto e a capacidade de Angola de superar divisões históricas.
Já no seio da UNITA, a ausência de aplausos ao anúncio presidencial foi interpretada por alguns como prudência política, uma forma de não transformar um ato simbólico em espetáculo, principalmente depois de o próprio MPLA ter rejeitado anteriormente a mesma iniciativa.
No fundo, o episódio expõe as fragilidades da classe política angolana em lidar com a memória histórica do país, onde a reconciliação é, muitas vezes, usada como instrumento político e não como valor nacional.
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Fonte: Jornal da Semana com a Redação de Angola Breaking News
