
Após abandonar de forma abrupta os trabalhos parlamentares na sessão plenária desta terça-feira, a UNITA retomou hoje a sua participação na Reunião Plenária Extraordinária da 3.ª Sessão Legislativa. A decisão apanhou muitos de surpresa, sobretudo num momento em que crescem os apelos para manifestações em várias províncias do país.
A saída do maior partido da oposição foi vista como um sinal de protesto político, em resposta ao ambiente de crescente insatisfação social. No entanto, o regresso ao hemiciclo gerou reações mistas entre os cidadãos.
“Estamos cansados de atitudes sem firmeza. Um dia saem, no outro voltam. Afinal, de que lado estão?”, questionou um cidadão ouvido pela nossa redação no município do Kilamba.
Enquanto nas ruas a desconfiança aumenta, analistas políticos interpretam o gesto como uma tentativa da UNITA de manter-se presente no debate institucional, evitando um vazio parlamentar que poderia ser explorado pelo partido no poder.
“O regresso à Assembleia pode significar uma jogada estratégica para evitar que se interprete a sua ausência como fuga ao diálogo democrático”, considera o analista Paulo Vunge.
Entretanto, a tensão nas redes sociais e nos bairros populares continua a crescer. Diversos grupos civis e ativistas mantêm a convocatória para manifestações pacíficas, exigindo reformas, justiça social e melhores condições de vida.
A grande questão agora é: apoiará a UNITA estas manifestações de forma clara ou continuará a jogar em duas frentes?
O povo observa. E cobra.