Angola continua a figurar entre os países com maior número de pastas ministeriais no mundo. Para um território de 1.247.000 km², o Presidente da República formou um Executivo de 24 ministros, acrescidos de quatro ministros de Estado e de uma Vice-Presidente que também integra o Conselho de Ministros.

Por: Graça Campos
Somando secretários de Estado e dirigentes com estatuto ministerial, a máquina governativa pode chegar a cerca de 100 altos cargos pagos mensalmente pelos cofres públicos.
Um Executivo “inchado”
- Nos países de língua portuguesa, apenas o Brasil tem mais ministros que Angola.
- Porém, enquanto o Brasil, com 8,5 milhões km² e mais de 213 milhões de habitantes, justifica sua estrutura, Angola mantém uma desproporção evidente entre tamanho do território, população e número de ministros.
- O Executivo angolano ganhou o apelido de “sleep team”, dada a sua dimensão e pouca eficácia prática.
Cenas de Excesso
- Em eventos oficiais, até a sala de convenções do Hotel Intercontinental parece pequena diante do número de ministros, secretários de Estado, militares e chefias de órgãos de soberania que disputam espaço e visibilidade.
- Nas deslocações internas e internacionais, o Presidente raramente viaja sem a sua “corte”. Houve ocasiões em que mais de duas aeronaves foram necessárias para transportar a comitiva.
Ministros ausentes em Catete
No 17 de setembro, durante as celebrações do Dia do Herói Nacional em Caxicane, apenas três ministros acompanharam o Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil. A ausência dos restantes membros coincidiu com a viagem do Presidente da República aos Estados Unidos, oficialmente em “visita privada” antes da Assembleia Geral da ONU.
Surgem assim as perguntas inevitáveis:
- Estarão os ministros ausentes a acompanhar o Chefe de Estado na Florida?
- Ou já estarão em Nova Iorque, antecipando os preparativos para a estadia presidencial?
O que se constata é que, quando o Presidente está fora do país, Angola parece ter um governo proporcional ao seu tamanho real. Mas, ao regressar, volta-se à realidade: um Executivo vasto, dispendioso e que mais parece uma corte de luxo do que uma equipa de trabalho.