
O Tribunal de Luanda realiza nesta segunda-feira (28/04) o julgamento sumário de oito dirigentes do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), detidos no sábado durante uma marcha pacífica que denunciava as péssimas condições das escolas na capital.
A ação policial resultou na detenção de mais de 50 estudantes, entre eles, quatro jornalistas que foram liberados ainda no mesmo dia. Enquanto a maioria dos estudantes detidos foi libertada no início da noite, os principais organizadores continuam sob custódia e serão julgados hoje, confirmou Francisco Teixeira, presidente do MEA.
Entre os detidos estão nomes de peso do movimento:
Joaquim Lutambi, vice-presidente;
Jones Sebastião Damião, secretário provincial de Luanda;
Simão Formiga, secretário do Icolo e Bengo;
Nsimba Matamba, secretário nacional para o Ensino Primário;
Além de outros quatro membros da organização, Teixeira conseguiu escapar à detenção.
Até o momento, as acusações formais contra os dirigentes ainda não foram divulgadas.
Protesto Impedido e Denúncia de Motivação Política
A manifestação, marcada com 15 dias de antecedência, foi indeferida pelas autoridades apenas na véspera, o que os organizadores consideram um claro ato político de repressão.
“O Governo Provincial não tem competência para indeferir a nossa comunicação. Ele deveria apenas recebê-la e articular com a polícia a segurança do ato. A intervenção foi claramente política e usou os órgãos de repressão para nos agredir”, denunciou Francisco Teixeira.
Segundo o MEA, a forma como a marcha foi reprimida “envergonha o país”.
As Reivindicações dos Estudantes
O protesto visava expor as graves deficiências das escolas públicas, incluindo:
Falta de carteiras e professores;
Condições de higiene precárias;
Cerca de 19 mil escolas ainda funcionando debaixo de árvores, segundo dados divulgados pelo movimento.
Candidatos Excluídos do Concurso Público Também Protestaram
A marcha contou ainda com a participação de candidatos aprovados, mas excluídos do último concurso público da Educação.
Ivo Ximuto, representante do grupo, exigiu a repescagem dos candidatos, citando precedentes do Ministério da Saúde:
O Ministério da Saúde já repescou candidatos após dois anos. Se eles foram beneficiados, por que nós não podemos ser também?”, questionou.
Até agora, a Polícia de Luanda não emitiu nenhuma nota oficial explicando a repressão ou as detenções dos estudantes e jornalistas no sábado.
Fonte: DW