
O ex-Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, regressou ao país após cinco anos de ausência, instalando-se na cidade de Goma, no Kivu Norte — uma região atualmente sob controlo de forças rebeldes.
A sua chegada tem gerado forte agitação no cenário político congolês. Recebido por figuras ligadas à coligação armada Aliança do Rio Congo (AFC), incluindo o seu líder, Corneille Nangaa, Kabila foi oficialmente saudado como um “visitante ilustre” pelo porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, que qualificou Goma como “região libertada”.
Kabila, que governou a RDC entre 2001 e 2019, manteve-se nos últimos anos afastado da vida política ativa, embora frequentemente tenha criticado a atual gestão do Presidente Félix Tshisekedi. A sua reaparição, acompanhada por declarações críticas ao governo, reacendeu o debate sobre o seu papel no atual contexto de instabilidade no leste do país.
Analistas políticos apontam que o regresso do ex-estadista poderá alterar significativamente a correlação de forças no terreno, especialmente se houver um reposicionamento estratégico dos grupos armados locais. A legitimidade política de Kabila — que detém o estatuto de Senador vitalício — levanta preocupações sobre o possível uso simbólico e estratégico da sua presença.
Entretanto, fontes jurídicas recordam que o ex-Presidente enfrenta um processo no Tribunal Militar Superior por alegada traição, o que poderá complicar eventuais ambições políticas.
A comunidade internacional e os observadores locais seguem atentos aos desdobramentos, numa altura em que o futuro da RDC volta a ser marcado pela incerteza.
Fonte: NJ