Apesar da histórica vitória de Angola sobre o Mali na final do AfroBasket 2025, realizada na Arena do Kilamba, um momento inesperado marcou a cerimónia de condecoração: o silêncio do público aquando da chegada do Presidente João Lourenço. A ausência de aplausos deixou muitos surpreendidos e pode refletir o crescente descontentamento popular face às dificuldades que o país atravessa.

A noite de 24 de agosto de 2025 ficará registada na história do desporto angolano como o dia em que a seleção nacional reconquistou o título africano de basquetebol, após 12 anos de jejum. Dentro de campo, os jogadores brilharam, vencendo o Mali por 70-43 e levantando a 12.ª taça continental.
Contudo, fora das quatro linhas, a cerimónia de entrega das medalhas e troféus trouxe um episódio inusitado. Quando o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, chegou para condecorar os campeões, o ambiente na arena alterou-se drasticamente. A euforia eufórica deu lugar a um silêncio marcante: o público manteve-se imóvel, sem aplausos, algo que contrastou com a vibração que acompanhou toda a partida.
Esse gesto, ou a ausência dele, não passou despercebido. Para muitos, o silêncio foi um recado simbólico, traduzindo o descontentamento que grande parte da população sente face às dificuldades económicas e sociais que enfrenta no dia-a-dia.
Significado político e social
O desporto, em Angola, sempre foi um espaço de união e celebração. Mas o episódio na Arena do Kilamba mostra que a insatisfação popular também encontra eco em eventos que deveriam ser apenas de festa. O silêncio coletivo, num momento em que se esperava aplausos e aclamações, poderá ser interpretado como uma forma de protesto silencioso.
Ainda que a vitória da seleção nacional seja motivo de orgulho e esperança, o contraste vivido na arena revela que a relação entre povo e liderança política vive tensões visíveis até em momentos de glória.
Conclusão
O AfroBasket 2025 será lembrado pela conquista de Angola, mas também pelo silêncio ensurdecedor que acompanhou a chegada do Presidente. Um silêncio que fala alto sobre a realidade do país e sobre as vozes de um povo que, mesmo em meio à festa, não esconde o seu descontentamento.