
O Estado-Maior das Forças Armadas Cabindesas (FAC) lançou hoje um alerta grave: os combates entre o movimento independentista e as Forças Armadas Angolanas (FAA recomeçaram com violência, deixando um rastro de sangue que atravessou até as fronteiras da República Democrática do Congo.
Num comunicado assinado pelo tenente-general João Cruz Mavinga Lúcifer, chefe da Direção das Forças Especiais das FAC, o grupo acusa as FAA de atacar uma das suas posições, às 04h00 da madrugada, na aldeia de Kimbanza-Vingi, em Necuto. O saldo foi trágico: quatro combatentes das FAC e nove civis mortos.
A ofensiva teria prosseguido para além-fronteiras, atingindo a aldeia de Kimbanza-Mbemba, já em território congolês, onde três soldados angolanos terão sido abatidos pelas FAC. Ainda segundo a mesma fonte, dois civis congoleses teriam sido mortos pelas tropas angolanas.
O comunicado revela ainda que mais de 250 militares das FAA invadiram a aldeia de Kionzo, também na RDC, numa operação classificada pelas FAC como “provocação flagrante” e “violação deliberada do cessar-fogo unilateral” decretado pelo movimento no passado dia 14 de abril.
“A atitude do Governo angolano demonstra claramente que João Lourenço não está interessado em qualquer solução pacífica para Cabinda”, acusa o comunicado, referindo-se ao Presidente da República.
O Ministério da Defesa de Angola e as autoridades congolesas foram contactados pela imprensa, mas até o momento não responderam às acusações.
Enquanto isso, o Governo angolano continua a afirmar que a situação em Cabinda é “estável” e nega veementemente a existência de um conflito armado, classificando a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FAC) como grupo terrorista e repudiando alegadas negociações com a UNITA.
No mês passado, a UNITA — maior partido da oposição — anunciou sua intenção de levar ao parlamento um projeto exigindo o fim imediato das hostilidades e o início de negociações de paz. Representantes do partido encontraram-se recentemente com membros da FLEC-FAC em Bruxelas, onde reiteraram um apelo ao diálogo e ao cumprimento do cessar-fogo, que se mantém válido até 14 de junho.
A FLEC-FAC luta há décadas pela independência de Cabinda, território angolano rico em petróleo, apoiando-se no Tratado de Simulambuco de 1885, que reconhecia a região como protetorado português.
Fonte: Free Mind World