
Não se trata de implicância, mas de rigor institucional e transparência.
Em qualquer democracia, existe um protocolo claro: em momentos de conquistas desportivas, quem fala oficialmente à nação é o Chefe de Estado. É ele quem, em nome do povo, felicita e representa a unidade nacional. Nos países vizinhos — como Moçambique, Namíbia, Zâmbia ou África do Sul — é o Presidente quem transmite a mensagem principal; os ministros do Desporto ou da Cultura apenas reforçam.
Em Angola, no entanto, tem-se observado uma situação diferente. O ministro do Interior tem assumido um papel que, tradicionalmente, não lhe compete: felicitar vitórias desportivas. Ora, o esperado da sua pasta é dedicação às áreas da segurança interna, da Polícia Nacional, das cadeias e da disciplina institucional. Mas, ao invés disso, há uma postura de constante busca por protagonismo em espaços que deveriam ser ocupados por outros sectores.
A questão que se levanta é clara: trata-se de excesso de zelo ou de uma tentativa de ocupar o espaço público com distrações? Quando um governante insiste em “forçar o guião” fora das suas responsabilidades, pode haver um enredo maior a ser esclarecido — e o país merece transparência.
Por: Carlos Alberto