
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) manifestou forte repúdio à detenção de jornalistas durante a cobertura de uma manifestação estudantil realizada no sábado, em Luanda. A organização considera que a ação da polícia constitui uma clara violação das liberdades de imprensa e de expressão, garantidas pela Constituição angolana.
“Mais uma vez, assistimos à detenção de jornalistas, algo que nos preocupa profundamente. Num Estado democrático, tal prática é inaceitável. As manifestações são permitidas pela Constituição e os jornalistas estavam apenas a cumprir com o seu dever profissional”, afirmou Pedro Miguel, secretário-geral do SJA, em declarações à agência Lusa.
O dirigente sindical revelou que o SJA já solicitou audiências com o ministro do Interior, o comandante-geral da Polícia Nacional e o diretor do Serviço de Investigação Criminal (SIC), com o objetivo de discutir o tratamento dado aos profissionais da comunicação social.
Pelo menos três jornalistas foram visados pela atuação policial: Jubileu Panda (TV Maiombe) e Hermenegildo Caculo (jornal e TV F8) foram detidos, enquanto Borralho Ndomba (DW África) foi intimidado e forçado a entregar o seu telemóvel para inspeção.
Para Pedro Miguel, tais atos “mancham, mais uma vez, a imagem de Angola”, sobretudo numa altura em que o país recebia uma delegação do Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ), em missão oficial. “É lamentável. Isso demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer em matéria de respeito às liberdades fundamentais”, afirmou.
O líder do SJA criticou também a apreensão forçada do material de trabalho dos profissionais, considerando que tal atitude revela uma tentativa deliberada de impedir a cobertura mediática da manifestação. “Estamos a coartar o direito dos cidadãos à informação. Há vários direitos a serem violados, infelizmente”, frisou.
Durante o protesto, que foi rapidamente travado pelas forças policiais e não chegou a concretizar-se, quase 50 estudantes foram detidos. Alguns relataram agressões físicas enquanto empunhavam cartazes que denunciavam a precariedade nas escolas da capital angolana.
Pedro Miguel concluiu sublinhando a gravidade da situação e apelou a um diálogo urgente entre o sindicato e as autoridades policiais para salvaguardar os direitos e garantias dos profissionais da imprensa. “É uma situação bastante preocupante”, finalizou.
Fonte: Lusa
