
O adiamento indefinido do julgamento dos generais “Kopelipa” e “Dino” está a bloquear o funcionamento do Tribunal Supremo (TS), arrastando com ele processos de outros ex-governantes, incluindo uma ex-ministra e um ex-governador. A justiça, mais uma vez, trava quando o réu tem poder e nome de peso.
O processo, que envolve mais de 40 volumes e mais de 2.000 páginas, tinha sessões marcadas três vezes por semana. Mas bastou a ausência do representante legal da empresa CIF, uma das rés, para o julgamento ser suspenso sine die. A desculpa? O tribunal precisa notificá-lo formalmente para seguir com os trabalhos. Resultado: tudo parado.
O TS está de mãos atadas. Não há sessões para os outros cinco processos agendados para este semestre. O peso político e judicial do “caso Kopelipa” engoliu por completo a agenda da Câmara Criminal. É a justiça refém de um processo — ou, pior, de pessoas.
“Kopelipa” e “Dino”, figuras centrais no círculo íntimo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, são acusados de crimes graves: tráfico de influências, branqueamento de capitais, falsificação de documentos, associação criminosa e abuso de poder. Ao lado deles, o advogado Fernando Gomes dos Santos, o empresário chinês Yiu Haiming, e empresas como a Plansmart, Utter Right e CIF-Angola.
É mais um capítulo do longo e moroso caminho da justiça angolana quando os acusados são antigos intocáveis. A suspensão deste julgamento já não é apenas um problema processual — é um entrave ao combate à impunidade. E enquanto isso, os outros casos ficam à espera. O recado é claro: quando os grandes entram em tribunal, o sistema colapsa.
Fonte: NJ