
As declarações da coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Angola, Zahira Virani, continuam a gerar debate e críticas nas redes sociais e meios de comunicação nacionais.
Durante a sua despedida após cinco anos de missão no país, a diplomata canadiana afirmou que “João Lourenço é um líder de que o mundo precisa neste momento”. Segundo ela, Angola conseguiu alcançar avanços no período em que esteve em funções, destacando a paz, a estabilidade e os esforços rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
No entanto, a opinião de Zahira Virani contrasta com o sentimento de grande parte da população angolana, que associa o atual Presidente da República a problemas graves de corrupção, má gestão e deterioração das condições sociais e económicas. Para muitos cidadãos, o discurso da representante da ONU não reflete a realidade que enfrentam no dia a dia, marcada por desemprego, desigualdades e falta de serviços básicos.
Nas redes sociais, multiplicaram-se comentários de desconfiança e especulação, questionando se tais elogios foram movidos por convicção genuína ou por interesses políticos e diplomáticos. Há quem defenda que a ONU, como parceira institucional de Angola, tende a adotar uma postura diplomática, evitando críticas diretas ao Governo. Outros, contudo, consideram que tais declarações são uma afronta ao povo angolano, que continua a enfrentar enormes dificuldades.
Apesar da controvérsia, Zahira Virani agradeceu a hospitalidade do povo angolano e reconheceu que nem todos os objetivos traçados foram atingidos, mas sublinhou os “muitos sucessos” alcançados.
Debate aberto
As palavras da representante da ONU colocam em evidência uma questão central: como conciliar os discursos oficiais de progresso e estabilidade com a realidade social e económica vivida pela maioria dos cidadãos? Enquanto o Governo destaca conquistas, os críticos apontam para a corrupção, o aumento da pobreza e a falta de reformas estruturais.
O debate em torno desta afirmação deve prosseguir, refletindo não apenas sobre a imagem internacional de Angola, mas também sobre o verdadeiro impacto das políticas internas na vida da população.