
Cabinda, Angola – O Estado-Maior das Forças Armadas Cabindesas (FAC) anunciou, nesta segunda-feira (14), a entrada em vigor de um cessar-fogo unilateral em toda a província de Cabinda, com duração inicial de dois meses.
Em comunicado oficial, a FAC esclarece que a decisão foi tomada em coordenação com a direção política da Frente de Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), após consultas internas. O objetivo é claro: “criar um ambiente favorável para um diálogo sério com as autoridades angolanas, com vista à resolução definitiva do conflito armado em Cabinda”.
A medida também surge em resposta à recente iniciativa da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), que anunciou a intenção de apresentar ao parlamento angolano um projeto de resolução exigindo o fim imediato das hostilidades e o início de negociações de paz.
> “A FLEC-FAC reafirma o seu compromisso com a resolução pacífica do conflito e reitera a sua abertura ao diálogo, com total respeito pelo direito à autodeterminação do povo cabindês”, destaca o comunicado.
Contudo, o movimento alerta que manterá uma postura defensiva:
> “Reservamo-nos o direito de responder militarmente a quaisquer provocações das Forças Armadas Angolanas (FAA) e de reagir energicamente sempre que a população de Cabinda for alvo de repressão ou violência.”
O cessar-fogo entrou em vigor hoje e permanecerá até às 23h do dia 14 de junho de 2025. Sua continuidade dependerá dos avanços políticos e da seriedade das propostas apresentadas pela UNITA e demais interlocutores.
UNITA pressiona por paz em Cabinda
Em março deste ano, a UNITA anunciou que irá apresentar ao parlamento um projeto de resolução que propõe o fim imediato e incondicional das hostilidades militares em Cabinda.
O maior partido da oposição em Angola defende a abertura de negociações de paz e afirma que a sociedade civil, os movimentos sociais e a população cabindesa anseiam por um diálogo inclusivo que leve à resolução definitiva da questão político-militar que envolve o território.
A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FAC) luta há décadas pela independência da província, baseada no Tratado de Simulambuco de 1885, que estabelecia Cabinda como um protetorado português distinto de Angola. A região é estratégica, por ser responsável por grande parte da produção petrolífera do país.
Fonte: DW