A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) lançou uma mensagem forte e direta por ocasião dos 50 anos da Independência de Angola, defendendo a reconciliação nacional plena e o reconhecimento igualitário de todos os líderes da luta pela libertação nacional — Holden Roberto (FNLA), Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA) — sem exclusões nem marginalizações.
Reconhecimento Justo para a Reconciliação Nacional
Os bispos sublinham que apenas uma memória coletiva honesta, sem minimizar o papel de nenhum dos líderes da independência, poderá consolidar a reconciliação entre os angolanos.
Sombras e Insuficiências Após 50 Anos de Independência
Na sua Mensagem Pastoral, a CEAST reconhece os avanços após a independência, incluindo o fim da guerra em 2002 e a reconstrução de infraestruturas básicas. Contudo, também aponta “sombras” e “insuficiências” profundas, que causaram “escandaloso sofrimento” ao povo:
- Desvios alarmantes de fundos públicos e expatriação escandalosa de capitais.
- Discursos políticos vazios e desconectados da realidade social.
- Sistema centralizado e autocrático, que reprime a iniciativa privada e favorece a lógica partidária e eleitoralista.
- Corrupção e má gestão dos recursos naturais, incluindo fronteiras descontroladas e contrabando.
- Falta de acesso à saúde, educação de qualidade, saneamento e água potável.
- Opressão das liberdades e manipulação dos meios de comunicação públicos.
Apelo a Reparações Históricas e Sociais
Os bispos exigem uma reparação histórica e social, destacando a necessidade de corrigir omissões, recuperar oportunidades perdidas e reconstruir a esperança dos angolanos.
“É preciso reparar o que foi destruído, corrigir os erros do passado e proporcionar aos cidadãos condições de vida dignas”, defendem.
Clamor Contra a Desigualdade Social
A CEAST denuncia o luxo de uma minoria privilegiada frente à pobreza extrema da maioria, o que provoca revolta social, descrédito nas instituições e leva jovens a emigrar ou a enveredar pelo crime.
Mensagem Final dos Bispos
“Não há angolanos querendo voltar ao regime colonial, há angolanos desejando uma vida digna, compatível com as riquezas de Angola. Honrar a independência significa melhorar a vida do povo”, concluem.
A mensagem da CEAST surge como um chamado de consciência nacional, colocando no centro do debate a memória justa, a governação ética e a verdadeira justiça social como pilares para os próximos anos de Angola.
Fonte: NJ
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