
O activista Isidro Fortunato teceu fortes críticas ao dirigente Isaac dos Anjos, figura de longa data do MPLA e atual membro do Comité Central e do Bureau Político do partido. Ao longo da sua carreira, Isaac dos Anjos desempenhou diversos cargos de relevância estratégica no desenvolvimento de Angola, assumindo sempre uma posição de destaque dentro da estrutura política nacional.
Segundo o activista, tal como muitos outros dirigentes associados ao partido no poder, Isaac dos Anjos acumulou uma vasta fortuna ao longo dos anos, contrastando com a realidade da maioria da população angolana, que continua a enfrentar elevados níveis de pobreza.
Contradição entre discurso e prática
Isidro Fortunato destaca que, apesar de décadas de governação, só agora Isaac dos Anjos vem a público manifestar preocupação com as condições de vida da população. O dirigente criticou recentemente o facto de muitos angolanos dependerem da importação de restos de frango e outros produtos de baixa qualidade para sobreviver, classificando essa realidade como indigna para um povo que conquistou a independência há 50 anos.
Contudo, o activista questiona a coerência desse discurso, apontando que durante décadas de governação, figuras como Isaac dos Anjos tiveram responsabilidades diretas ou indiretas na formulação e manutenção de políticas que contribuíram para o estado atual da economia e das condições sociais em Angola.
A perceção pública e o papel do MPLA
A intervenção de Isaac dos Anjos gerou forte reação popular, com muitos cidadãos aplaudindo o seu discurso crítico. No entanto, Isidro Fortunato alerta que esse tipo de posicionamento pode criar a percepção de que a resolução dos problemas do país continua a depender exclusivamente do MPLA, partido que governa Angola há quase cinco décadas.
Para o activista, é necessário questionar até que ponto tais discursos representam uma verdadeira mudança de paradigma ou se não passam de estratégias políticas para manter a confiança popular num sistema que, segundo ele, tem falhado em garantir desenvolvimento equitativo e dignidade para todos os angolanos.