O Governo deu início à construção da Marginal da Corimba, em Luanda, um projecto aguardado desde 2017. Enquanto isso, em Cabinda, a promessa de uma marginal continua sem sair do papel, aumentando a sensação de esquecimento e desigualdade entre as regiões do país.

O Governo deu finalmente início à tão aguardada construção da Marginal da Corimba, um projecto urbanístico e rodoviário idealizado em 2017, mas que apenas agora sai do papel. A cerimónia de consignação da empreitada aconteceu nesta sexta-feira, 22 de Agosto, no município da Samba, em Luanda, e foi presidida pelo Ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.

O projecto, de grande impacto para a mobilidade e modernização da capital, será executado em três fases. A primeira, já consignada, terá a duração de 20 meses e abrange trabalhos marítimos, construção da plataforma da Marginal, viadutos, vias urbanas e habitações sociais.
Apesar da relevância para Luanda, a notícia volta a levantar críticas e comparações em relação a outras regiões do país, particularmente Cabinda, onde promessas semelhantes permanecem sem concretização. A ausência de uma Marginal em Cabinda — reivindicada há anos pela população — torna-se cada vez mais motivo de frustração, com muitos a questionarem se a província não merece também investimentos de igual dimensão.

“Marginal de Cabinda, nada até hoje? Não merecemos?”, é a interrogação que ecoa nas redes sociais, reflectindo o sentimento de exclusão vivido pelos cabindenses.
Enquanto Luanda se prepara para receber mais uma frente urbana moderna, Cabinda continua a enfrentar desafios infraestruturais profundos, desde estradas degradadas, dificuldades de circulação interna e ausência de obras que correspondam ao peso económico da província para o país.
Especialistas em desenvolvimento urbano sublinham que a descentralização dos investimentos é crucial para reduzir as desigualdades regionais. “O país precisa de olhar para além de Luanda. Cabinda, Benguela, Huíla e outras províncias têm de sentir o mesmo dinamismo em projectos de impacto social e económico”, referem.

Com o arranque da Marginal da Corimba, a expectativa cresce para que o Governo anuncie, de forma concreta, projectos equivalentes em Cabinda, atendendo às reivindicações da população e valorizando o potencial estratégico daquela região.
Por: Lourenço Lumingo (DPT)